sábado, 6 de setembro de 2008

TABACO

Entidades criticam presidente por declarações sobre fumo

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em defesa do fumo em locais fechados ou abertos, em entrevista na última quarta-feira (3), provocaram críticas de algumas entidades.
A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), em nota, diz que o presidente, como autoridade máxima do país, deveria dar o exemplo à sociedade sobre o males causados pelo tabaco.
“Como homem público e principal autoridade do país, ele tem que dar o exemplo em relação ao tabaco, que tanto traz de malefícios às pessoas que fumam, aos fumantes passivos e a todos que perdem familiares, amigos pelas conseqüências nefastas do cigarro no organismo. Sem falar nos custos que a doença representa ao Estado. Conta essa que toda a sociedade paga”, diz a nota, assinada pelo presidente da sociedade de médicos, Ari Timerman.
“A Socesp vê com muita preocupação as palavras do presidente e aguarda uma retratação para o bem da população brasileira”, completa.
A diretora executiva da organização não-governamental Aliança de Controle do Tabagismo, Paula Johns, também lamentou as afirmações de Lula. Segundo ela, o uso do tabaco é um problema de saúde pública e não deveria ser tratado com descaso pelo presidente.
“O presidente não deveria ter dito isso. Não teve senso de respeito ao próximo e descaso com o tema. Errou feio. Ele tem a opinião dele, mas não pode falar o que quiser”, afirmou, por telefone, à Agência Brasil.
A organização pediu uma audiência com o presidente Lula, mas não ainda não teve resposta do governo. A diretora lembrou que o Brasil é signatário de uma convenção internacional de apoio ao controle do tabaco.
De acordo com a diretora, uma pesquisa encomendada pela organização revelou, em março deste ano, que 88% da população é a favor da proibição do fumo em ambientes fechados, assim como 80% dos fumantes.
Em entrevista a oito jornais populares, no último dia 3, Lula defendeu o fumo em qualquer lugar ao ser questionado sobre o projeto de lei do Ministério da Saúde que quer acabar com fumódromos, áreas reservadas para fumantes em locais fechados públicos e privados. A proposta está sob análise da Casa Civil desde fevereiro para ser enviada ao Congresso Nacional.
“Eu defendo, na verdade, o uso do fumo em qualquer lugar. Só fuma quem é viciado (risos)”, disse, conforme transcrição da entrevista publicada pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República.
Lula afirmou também que a proibição não é uma proposta sua, mas do ministério. E preferiu não se posicionar em relação ao assunto. “Eu não vou propor. Quem está propondo é o Ministério da Saúde”, disse. “Eu mando o projeto, eu não voto. A minha incumbência é mandar o projeto e deixar a Câmara dos Deputados votar”.
Indagado sobre a proibição de fumar no Palácio do Planalto, Lula afirmou que em seu gabinete é permitido. “Se eu for à sua sala, certamente não fumarei, porque respeitarei o dono da sala. Mas na minha sou eu quem manda (risos)”, afirmou o presidente, que fuma cigarrilhas.

Fonte: ABr